Captação de Investidor-Anjo: ATRAIA e NEGOCIE com sucesso
Publicado em 05.04.2023
O investimento anjo é um dos principais fatores para o bom desenvolvimento das startups no país. Afinal, investidores-anjo fornecem os primeiros cheques para elas.
Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), em 2020, foram realizados mais de 2.700 investimentos anjo no país, totalizando cerca de R$1,5 bilhão.
E o Brasil está entre os países com maior número de investidores desse tipo ativos: mais de 10 mil.
Ainda assim, como as mais de 11.500 startups registradas no país (11.562 até novembro de 2022, segundo pesquisa da Cortex) podem atraí-los e negociar com eles?
Para ajudar empreendedores da área de tecnologia nessa tarefa, preparamos este artigo sobre como atrair e negociar uma rodada de investimento com investidores anjos.
Investidor-anjo: o que é e como funciona?
O investimento anjo tem o objetivo de apoiar o crescimento e o desenvolvimento de empresas nascentes ou em estágios muito iniciais de desenvolvimento – geralmente, startups.
Por trás desses investimentos, estão os investidores-anjos. Geralmente, são pessoas físicas que promovem smart money para ajudar a empresa investida a ter sucesso, aplicando:
- capital próprio;
- conhecimento e experiência de negócios;
- rede de contatos.
Por isso o investimento anjo é considerado uma forma de financiamento de risco. Afinal, embora startups tenham alto potencial de crescimento, é alto o risco de fracasso.
Outra característica desse investimento é a baixa liquidez. Isso porque o investidor-anjo não pode retirar seu investimento a qualquer momento, o que aumenta ainda mais a responsabilidade da startup.
Onde posso conseguir um investidor-anjo?
Conseguir um investidor-anjo para ajudar a financiar o crescimento da sua startup é desafiador. Mas a abordagem certa e a preparação adequada podem tornar isso possível.
Abaixo, confira algumas dicas para ajudar você a encontrar um investidor anjo.
1. Expanda o seu networking
Participar de eventos de networking para startups e empreendedores (como feiras, conferências, meetups) e outros espaços com pessoas da área de tecnologia (como incubadoras e aceleradoras) é uma excelente estratégia para conhecer possíveis pessoas interessadas em investir no seu negócio.
2. Utilize plataformas e grupos de investimento anjo
Existem várias plataformas de investimento anjo online (Equity Crowdfunding) e grupos que conectam investidores a startups que procuram financiamento. Esses locais podem ser uma maneira eficaz de apresentar o seu negócio a uma ampla base de investidores com praticidade.
3. Busque recomendações
Outra forma eficiente de encontrar um investidor-anjo é pedindo recomendações de outros empreendedores, especialmente os que já tiveram sucesso em captar investimento.
4. Prepare um pitch que impressiona
Seu pitch deve resumir claramente a proposta de valor da sua startup. Certifique-se de que ele seja convincente e bem estruturado. Destaque o potencial de crescimento da sua solução e informe as principais métricas do seu negócio – por exemplo: CAC, LTV, Churn, GMV, Ticket Médio, entre outras.
5. Tenha um modelo de negócio claro
Tenha um plano de negócios claro. Ele deve descrever as metas e objetivos da sua startup, bem como a estratégia para alcançá-las. Dica: indicar como serão utilizados os recursos captados com investidores-anjos mostrará a eles que você tem preparo, organização e um plano sólido para o sucesso do seu negócio.
O que um investidor-anjo busca numa startup? Como apresentá-la?
Antes de buscar um investidor-anjo, o primeiro passo é “organizar a casa”. Sua startup precisa ter uma série de pontos já resolvidos antes mesmo de procurar investidores. Neste artigo, explicamos quais são esses pontos e como corrigi-los.
Feito isso, é importante conhecer um pouco do racional dos investidores-anjos. Embora cada um tenha um estilo, o alto risco envolvido no investimento os leva a avaliar fatores como:
A) Alto potencial de crescimento
Os investidores-anjos buscam startups que resolvam problemas relevantes e que tenham um alto potencial de crescimento dentro das condições do seu mercado de atuação. Afinal, é preciso haver demanda para sustentar o produto ou serviço ofertado pela startup.
A equipe é o principal quesito de análise dos investidores, pois é ela quem levará a empresa ao sucesso.
Essa análise vai desde os aspectos técnicos, conhecimento do mercado e capacidade de execução até soft skills como resiliência, empreendedorismo, organização.
B) Capacitação da equipe
É comum escutarmos no mercado que os investidores apostam mais no jóquei (empreendedor) que no cavalo (negócio).
C) Escalabilidade do modelo de negócio
Ter um modelo de negócios bem estruturado e escalável é um aspecto importante que o empreendedor precisará demonstrar.
Lembrando que escalabilidade é a capacidade aumentar faturamento e base de clientes sem aumentar os custos junto – sejam eles custos com maior equipe ou com mais estrutura/equipamentos.
Para isso, apresente métricas e projeções capazes de convencer os investidores de que a sua startup pode ser grande e gerar impacto positivo de forma sustentável e inteligente.
Negociação com investidor-anjo: pontos principais
Provavelmente, essa será a primeira de muitas outras vezes que você precisará negociar com um investidor.
Por isso, conhecer muito bem as possibilidades será importante para não propor algo prejudicial no futuro da startup e dos empreendedores.
1. Acerte no valuation
O ponto ao qual os empreendedores mais se atentam é o valuation, ou seja, quanto a sua empresa vale no momento da negociação.
Por estarmos em um momento inicial, estabelecer o valuation de forma precisa é bem desafiador.
Caso a negociação sobre ele gere desalinhamento com os investidores, você tem algumas alternativas, sendo elas:
I) Valuation Fixo:
É a definição de um valuation preciso, onde todos já conhecem o valor de antemão e podem calcular com facilidade qual seria a participação do investidor.
II) Valuation conforme atingimento de metas:
Como alternativa ao valuation fixo, você pode estabelecer que o valuation da sua startup dependerá de algumas métricas.
EXEMPLO ILUSTRATIVO:
a. Se o faturamento da startup atingir R$300.000,00 em 2023, o valuation postmoney da rodada será de R$5.000.000,00;
b. Se o faturamento da startup não atingir R$300.000,00 em 2023, o valuation postmoney da rodada será de R$4.000.000,00.
III) Valuation Futuro com desconto:
No valuation futuro, você não estabelece o valuation no momento da assinatura do contrato de mútuo conversível. Em vez disso, adia para um momento futuro.
Tradicionalmente, esse método é utilizado nas primeiras rodadas de investimento, onde não temos muitos parâmetros para definir o valuation com tanta segurança.
Nesse formato, o contrato de investimento informa que o valuation adotado para a rodada “atual” será aquele ocorrido na próxima rodada de investimento e que será aplicada uma taxa de desconto – já que o risco é maior nas rodadas iniciais.
EXEMPLO ILUSTRATIVO:
1ª RODADA)
- Valor aportado: R$400.000.00
- Valuation Post Money: será considerado o Valuation Pre Money da próxima rodada de investimento, com um desconto de 20%.
2ª RODADA)
- Valor aportado: R$1.000.000,00
- Valuation Pre Money: R$5.000.000,00
Ou seja, o Valuation Post Money da primeira rodada seria de R$4.000.000,00, e o investidor teria direito a 10% de participação na primeira rodada.
Ainda tem dúvida? Para saber mais sobre valuation e captable para não afastar futuros investidores nem se prejudicar, leia o artigo Captable: tudo que você precisa saber.
2. Proteja sua participação societária
Um dos maiores riscos é a diluição societária do empreendedor. E uma forma de evitá-la é através do Direito de Preferência. Adicionando essa cláusula ao contrato, o investidor pode se antecipar em novas rodadas de investimento e pagar o equivalente à sua participação proporcional, evitando ser diluído.
3. Mostre comprometimento
É muito provável que o investidor exija 2 cláusulas: Tag Along e Lock-up.
A de Tag Along permite ao investidor impor que sua participação também seja vendida caso o investidor (ou todos os sócios) venda a própria participação. Ah, isso também se aplica a rodadas de investimento futuras. Com isso, o investidor tem mais controle sobre a proporção da sua participação versus as demais.
Já a de Lock-up visa “prender” os empreendedores à startup. Com ela, o empreendedor não pode vender a própria participação nem deixar de atuar como diretor da startup, sob pena de sua participação ser comprada pela própria empresa ou demais sócios por um valor bem menor. Isso evita que a startup “desande” pelo afastamento de quem a idealizou.
3. Jogue limpo
A última cláusula importante que trazemos é a de Não Competição ou Non-compete. A ideia é simples: caso o empreendedor faça exit, saindo da startup, ele não pode criar ou trabalhar em uma empresa concorrente da startup da qual saiu. Afinal, o know-how obtido na empresa anterior foi alcançado com apoio dos investimentos.
Conclusão
Antes de iniciar qualquer rodada de investimento se prepare, entenda o mercado onde atua, pesquise quais são os investidores que mais agregariam à sua startup e como eles poderiam fazer isso.
A preparação é a arma mais importante para você usar nesta missão. Tenha processos, dados e time organizados.
Em alguns momentos, pode ser preciso ceder aos investidores, mas é importante garantir segurança para o seu futuro na empresa após a transação.
Para evitar “ceder demais” e se prejudicar, é ideal contar com especialistas em Direito Societário para Startups, como os que temos aqui na C2R. Para saber mais e tirar dúvidas, envie uma mensagem por e-mail ou WhatsApp e fale com nosso time.