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Metaverso: um guia estratégico para entendê-lo

Publicado em 10.03.2023

Metaverso: um guia estratégico para entendê-lo

Você já assistiu ao filme Matrix?

Se sim, você deve se lembrar do personagem Neo tentando entender que aquele mundo era, na verdade, uma realidade virtual criada por uma inteligência artificial que usa seus corpos para produzir energia.

Com o Metaverso, estamos caminhando para algo parecido com Matrix. Já, vamos explicar.

Embora não tenha sido criado por uma Inteligência Artificial (IA), usuários do Metaverso podem se beneficiar dela. 

Segundo Sebastien Borget, cofundador e diretor de operações do The Sandbox (projeto de metaverso entre os maiores do mundo), a IA pode tornar o metaverso mais seguro ao “moderar o texto em chats para reduzir a toxicidade, por exemplo, de maneira mais automatizada”.

Lembrando que a relação entre IA e RV (realidade virtual que é o caso do Metaverso) para melhorar a segurança no espaço Web3 já foi debatida anteriormente.

E quanto aos corpos gerarem energia para a realidade virtual no filme?

Bom, aqui na realidade, a metáfora é perfeita: o Metaverso é um produto. Por isso, sua existência depende da aderência do público. Por isso, na prática, somos nós, os usuários, que também alimentamos o Metaverso.

E é exatamente esse ponto de vista mercadológico financeiro que trataremos a seguir.

O QUE É O METAVERSO?

Começando pelo básico: Metaverso é uma forma de integração entre o mundo virtual e o real. Um ambiente virtual imersivo, em uma realidade construída por empresas.

Nesse universo, pessoas podem interagir entre si, trabalhar, comprar terrenos, estudar e ter uma vida social por meio de seus avatares customizáveis em 3D.

Logo, o objetivo não é que pessoas sejam apenas observadoras no Metaverso, mas façam parte dele ativamente.

Apesar de visto como a evolução da Internet, ele ainda traz muitas questões que vêm debatidas – como o risco à privacidade, vício da tecnologia, dentre outros.

QUEM CRIOU O METAVERSO?

Ainda a título de curiosidade, o termo Metaverso foi criado na década de 90. Sua primeira aparição foi em um livro de ficção científica do escritor Neal Stephenson.

No livro, intitulado ”Snow Crash”, o protagonista é entregador de pizza na “vida real” e samurai no mundo virtual – chamado de metaverso na história.

O metaverso do livro é um espaço urbano acessado com óculos de realidade aumentada em terminais públicos. Algo já próximo da nossa realidade.

A primeira tentativa de aplicação do metaverso foi no jogo Second Life, de 2003. O game trazia um ambiente imersivo, onde jogadores interagem uns com os outros, podendo comprar casas, roupas e acessórios.

QUAIS SÃO AS TECNOLOGIAS ENVOLVIDAS?

Depois de um pouco de história, vamos ao lado prático. Para compreender o aspecto financeiro do Metaverso, é preciso partir das tecnologias que ele envolve.

REALIDADE VIRTUAL 

A “VR” (Virtual Reality), traduzindo para o português como Realidade Virtual, se refere a um ambiente tridimensional construído por meio de softwares. 

Para acessá-lo, os usuários precisam de computadores, óculos de realidade virtual, fones de ouvido e outros equipamentos de hardware. 

REALIDADE AUMENTADA 

Diferente da VR, a “Realidade Aumentada” ou “AR” (Augmented Reality) insere dados virtuais no mundo real. 

Um dos exemplos mais marcantes nos últimos anos foi o jogo Pokémon Go, no qual jogadores utilizavam o smartphone para buscar e capturar as criaturas virtuais espalhadas por localizações reais.

BLOCKCHAIN E CRIPTOS

Blockchain (banco de dados público e descentralizado), criptomoedas e NFTs (sigla em inglês para tokens não fungíveis) são os valores monetários dentro do Metaverso.  

Inclusive, também deverá ser possível o registro de propriedades virtuais.

CRIPTOMOEDAS x METAVERSO

Como a ideia principal do Metaverso é que a Realidade Virtual e a nossa Realidade sejam “iguais”, é preciso haver uma economia para permitir transações financeiras, ou seja, compras.

Por isso, a blockchain pode ser a base da economia do Metaverso. 

Afinal, ela permite a criação de registros imutáveis sem a necessidade de uma terceira parte – detalhe fundamental em termos de governança.

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS CRIPTOMOEDAS?

Há 3 principais criptomoedas associadas à utopia:

DESCENTRALAND (MANA)

Sendo um dos ambientes virtuais mais famosos do Metaverso, foi construído com base na blockchain da criptomoeda Ethereum (ETH). 

“MANA” é o nome da criptomoeda própria desse espaço. 

SANDBOX (SAND)

Outro ambiente virtual onde as pessoas podem jogar, construir casas e ter uma vida virtual.

Rivalizando com o Minecraft, foi remodelado a partir do universo de criptomoedas e  blockchain.

AXIE INFINITY (AXS)

É um jogo em blockchain que ajudou a popularizar o conceito de play-to-earn (ou “jogue para ganhar”). 

Funciona de forma semelhante ao Pokémon: os jogadores criam personagens e batalham com monstros ou outros jogadores. 

O AXS é o token de governança do jogo, dando poderes de decisão aos seus detentores dentro do ecossistema.

SEUS DADOS NAS MÃOS DE GRANDES EMPRESAS?

De acordo com a engenheira de dados norte-americana Frances Haugen, o Metaverso é “viciante e rouba mais informações pessoais”.

Na mesma entrevista, dada à The Associated Press, a engenheira explicou que a META (antigo Facebook) pode acabar forçando seus usuários a ceder dados e privacidade, tendo ainda mais domínio sobre eles.

Afinal, a coleta de dados e informações pessoais tende a ser mais intensa em ambientes imersivos, ainda mais diante do compartilhamento entre plataformas da Web.

No fim, o público pode ter seus dados ainda mais expostos e perder boa parte do controle sobre seu fluxo e sobre quem pode acessá-los.

PROTEÇÃO DE DADOS NO METAVERSO

No caso de países da União Europeia e Espaço Econômico Europeu, o RGPD (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, que é o equivalente à nossa LGPD nessas áreas) já aplicou até multa sobre a Meta devido ao Metaverso.

Em 2022, a Comissão para a Proteção de Dados (CPD) multou a Meta em 17 milhões de euros por 12 violações do RGPD. A justificativa foi de falha ao definir práticas “técnicas e organizacionais” capazes de demonstrar uma efetividade das medidas de proteção de dados adotadas.

No caso do Brasil, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) se pauta na transparência. E isso é um elemento chave para entender onde reside o problema com o Metaverso.

Aqui, a LGPD proíbe que empresas coletem mais dados pessoais do que aqueles estritamente necessários à sua operação. E as obriga a deixar claro quais dados está coletando e esclarecer qual será o uso e destino deles.

Outro ponto da LGPD é a necessidade de ter um canal aberto para donos dos dados (titulares) consultarem informações sobre o tratamento de seus dados, ou solicitar a exclusão de seus dados pessoais da base da empresa, por exemplo. No caso do Metaverso, não há nem sinal dessa possibilidade até o momento.

Logo, embora muitos países já tenham legislação específica para tratar da segurança de dados pessoais e privacidade, o Metaverso ainda é algo novo. Portanto, o caminho para fiscalizá-lo ainda segue nebuloso.

CONCLUSÃO

O Metaverso é um ambiente digital e imersivo, construído por empresas para proporcionar uma experiência tão imersiva quanto lucrativa.

Com transações pautadas em criptomoedas e blockchain, empresas envolvidas com o Metaverso ainda enfrentam desafios em termos de ética, privacidade e proteção de dados, dentre outros.

Embora existam leis para reger a relação entre as empresas e os dados que elas coletam de seus usuários, como a LGPD no Brasil, ainda é difícil entender os perigos em jogo, já que se trata de uma nova tecnologia.

Se você tem interesse em saber mais sobre como aproveitar as oportunidades do Metaverso de forma segura para sua marca e seu público, temos um time de especialistas jurídicos em empresas de tecnologia para ajudar.

Envie sua dúvida pelo nosso e-mail  ou WhatsApp e conte com a C2R Advocacia.

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