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De Early Stage ao Exit: fases de uma Startup

Publicado em 24.02.2023

De Early Stage ao Exit: fases de uma Startup

De acordo com o livro “Startup Enxuta” de Eric Ries, empreendedor do Vale do Silício e autor reconhecido como criador do movimento Lean Startup, a definição de uma Startup é:

“Uma instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de extrema incerteza”.

Isso significa que as startups, por estarem em estado de falta de certeza sobre fatores externos, passam por diversas fases de maturação.

Embora o Marco Legal das Startups tenha esclarecido pontos importantes sobre esse tipo de empresa quando foi sancionado no ano passado, o caminho segue tortuoso e cheio de desafios para empreendedores no mercado brasileiro.

Após o boom na pandemia, os últimos meses apertaram o mercado, bombardeando investidores e empreendedores com notícias de demissão em massa e reduções de custo.

Por isso, quanto mais conhecimento para navegar por essas águas, melhor. Cada fase da jornada de uma startup envolve uma série de particularidades, como:

  • tipos de investimento adequados;
  • tamanho da equipe;
  • estágio do produto/serviço;
  • maturação da cultura organizacional;
  • nível de profissionalização das áreas acessórias – como financeiro, jurídico, administrativo….

Por isso, nesse artigo, você aprenderá quais são as fases de uma startup e tudo que precisa saber para atravessar cada uma.

Aproveitando o crescente interesse por fintechs, traremos a Nubank para estudo de caso – aproveitando sua fama para garantir facilidade na compreensão de cada etapa. Vamos lá?

FASE 1: IDEAÇÃO (Pré-seed)

Conhecida como Pré-seed, ainda não há um negócio concreto nessa fase. Ela consiste em muita pesquisa sobre o mercado no qual a startup irá atuar e entendimento do produto e consumidores.

Isso significa que o empreendedor precisa investigar as dores que sua ideia pode solucionar e as necessidades para suprir, além de levantar as oportunidades que esse mercado oferece.

Estude possíveis concorrentes diretos e indiretos e entenda o público-alvo através de questionários e entrevistas.

No caso da Nubank, a fintech foi fundada em 6 de maio de 2013 por David Vélez, Vagner S.Teves Jr, Edward Wible e Cristina Junqueira. Eles perceberam que havia uma dor no mercado financeiro: muita complexidade nos serviços financeiros. 

Pensando nisso, eles viram uma grande oportunidade de inovação. A empresa lançou seu primeiro produto em 2014: um cartão de crédito (o “roxinho”) sem anuidade, controlado por um aplicativo fácil de usar no smartphone.

Lembre-se: a primeira fase só está concluída após investigar as possíveis dores do seu futuro público-alvo e a relação do seu produto com isso.

FASE 2: VALIDAÇÃO (Seed)

Não adianta nada passar pela fase 1, construir seu produto e, só no final, descobrir que o mercado não o aceita.

Segundo uma pesquisa do CB Insights, feita com 111 startups que fecharam entre 2018 e 2021, 35% falharam devido à falta de demanda de mercado.

Para não cometer esse erro fatal, a segunda fase (seed) valida ou não o produto ou serviço da startup no mercado. 

Uma boa maneira de fazer isso com seu produto ou serviço é lançar um MVP (Minimum Viable Product, ou Produto Mínimo Viável). Ou seja, a versão mais simples dele.

Os clientes irão testar o MVP e dar feedbacks importantes sobre como melhorar o produto.

Quando o Nubank lançou o primeiro cartão, queria testar duas funcionalidades: a conta render mais do que a poupança e a realização de transferências.

Percebendo que os usuários estavam gostando disso, o Nubank ouviu seus clientes e aprimorou seu produto de acordo com pedidos deles.

Com a validação, a startup pode confirmar suas hipóteses e ajustar o produto ou serviço conforme as impressões do público, em um processo que une a experimentação com o feedback real do mercado.

FASE 3: OPERAÇÃO (Early Stage)

Agora que seu produto está validado pelos futuros clientes e pelo mercado, podemos ir para a próxima fase.

No estágio de operação, a startup já tem a versão oficial do produto.

Por isso, os pontos chaves desta fase são a comercialização e o desenvolvimento das estratégias de marketing e vendas. Por isso, é extremamente importante que as áreas como suporte e atendimento estejam excelentes.

Nessa fase, a empresa pode também captar investidores-anjo para buscar investimentos importantes para continuar crescendo.

No Nubank, a facilidade de atendimento pelo celular foi um enorme diferencial e facilitou que pudesse ouvir seus clientes para agregar funcionalidades – como débito, agendamento de TEDs, função Guardar Dinheiro, etc. 

FASE 4: TRAÇÃO (Growth Stage)

Na quarta fase, a startup já está com tudo funcionando e avança a caminho do progresso.

Nesse estágio, já existe maior maturidade da empresa. Isso significa que ela já validou seu modelo de negócio, conquistou clientes fiéis e atraiu rodadas de investimentos.

Ou seja, pé hora de dar todo o gás no crescimento e investir intensamente no marketing e vendas.

Para isso, fique de olho nos KPIs (Key Performance Indicators, ou Indicadores-chave de Desempenho) para saber em quais áreas focar os esforços e para determinar se o negócio está pronto para um salto de crescimento.

Ao longo do tempo, a Nubank expandiu suas atividades e aumentou a base de clientes significativamente.

FASE 5: SCALE-UP (Expansion Stage)

Finalmente estamos na fase de scale-up. Aqui, a chave do sucesso está na escalabilidade do negócio.

Nesse momento, a empresa foca no crescimento exponencial, aumentando a sua estrutura e agilizando os processos para entrega de resultados.

Por isso, esse é o momento perfeito para profissionalizar áreas adjacentes do negócio. Seja internalizando áreas ou contratando consultorias, é essencial arrumar a casa para captar investimentos ainda maiores que permitam escalar o negócio de maneira sustentável.

Tomando o setor jurídico como exemplo:

  • Com o avanço, a empresa passa a ter contratos que envolvem mais dinheiro, seja com fornecedores ou parceiros. Por isso, a revisão e gestão contratual é imprescindível para evitar problemas, processos, multas, etc.
  • O time cresce, dificultando a gestão da equipe e aumentando o risco de problemas trabalhistas.
  • O sucesso pode atrair interesse pelos segredos comerciais, bem como atenção de concorrentes desleais enquanto a marca está ganhando mais força no mercado, sendo imprescindível adequar toda a parte de Propriedade Intelectual.
  • Seja pela possível entrada de novos sócios quanto pela captação de um possível investidor, é essencial ter um advogado especializado em direito societário para evitar que você perca participação societária e, com ela, o controle sobre seu negócio.

Todos esses são apenas exemplos dos riscos que sua empresa corre no momento de crescimento.

Nessa fase, é melhor contar com especialistas para as áreas adjacentes em vez de tentar fazer tudo por conta própria e por todo o trabalho até aqui em risco. Especialmente porque todas as áreas serão analisadas na Due Diligence, uma auditoria feita por possíveis investidores antes de fechar negócio.

Para o Nubank, altas rodadas de investimento seguiram ocorrendo. Desde o lançamento da NuConta até a compra da corretora Easynvest, suas estratégias expandiram ainda mais o império roxo e contribuíram com o objetivo da empresa de aumentar o acesso financeiro na América Latina.

BÔNUS: EXIT

Embora não seja considerado uma fase da startup, o Exit costuma ser o objetivo de muitos empreendedores desde o início.

Ele consiste na saída dos sócios da empresa quando ela é vendida. É aqui que a participação societária de sócios, investidores anteriores e colaboradores (no caso de Stock Options, por exemplo) pode virar dinheiro.

No geral, o Exit pode ser feito de 4 formas:

  1. uma empresa maior (seja ela concorrente ou não) compra a startup, que continua atuando… porém, sendo incorporada como um novo produto ou serviço da empresa que a adquiriu (chamaremos de “adquirente”), mantendo o time ou realocando-o;
  2. na mesma situação de compra da startup, ela continua atuando de forma independente, virando uma submarca da adquirente em vez de ser incorporada;
  3. a startup realiza IPO, ou seja, passa a ter capital aberto, transformando suas cotas em ações na bolsa de valores que ficam disponíveis para o público;
  4. um ou mais sócios saem da empresa, vendendo sua participação para fundos de Venture Capital.

Embora o Exit seja um desejo recorrente, vale lembrar que não é obrigatório. Há empreendedores que querem se manter à frente do negócio. Nesse caso, é essencial fazer um planejamento societário com especialistas, para evitar a perda excessiva de participação societária ao longo das rodadas de investimento.

CONCLUSÃO

Cada fase de startup apresenta seus desafios e oportunidades.

Para passar por elas, é importante entender cada uma e saber o momento de trazer especialistas para permitir que os sócios foquem na operação, expansão e atração de investimentos.

Para saber mais sobre a captação de investimentos, você pode conferir nosso artigo sobre 5 coisas para saber ANTES de captar investimento.

Caso precise de ajuda na profissionalização do seu jurídico, a C2R pode ajudar a acelerar seu negócio enquanto prepara o seu negócio para a Due Diligence. Mande sua mensagem por e-mail ou WhatsApp e conte com nossos consultores!

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